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Por Guilherme Moreira — Curitiba


O Clube Desportivo Sete de Setembro, de Dourados, no Mato Grosso do Sul, foi proibido de disputar torneios e registrar atletas pela Justiça. Além disso, o gestor do time teve o passaporte suspenso, em uma decisão inédita.

A decisão da 2ª Vara do Trabalho de Dourados foi expedida nesta sexta-feira por conta de uma dívida de R$ 2 milhões por dívidas trabalhistas. O descumprimento implicará em multa diária de R$ 10 mil.

O Sete de Dourados, assim, não pode jogar campeonatos profissionais e amadores (base) e nem inscrever jogadores no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF. O clube estava inativo e voltou neste ano.

- Há anos tentamos bloqueios de contas, localizar bens, sem sucesso. Então precisávamos intensificar a atuação e buscar efetividade às condenações para que os atletas possam receber. Ano após ano, o clube contrata dezenas de novos atletas e não se preocupa em destinar R$ 1 para pagar suas dívidas trabalhistas. Era extremamente cômodo ao clube e seus dirigentes - afirmou Filipe Rino, advogado dos jogadores.

Camisa do Sete de Setembro, escolinha onde Lucas Leiva começou — Foto: João Victor Teixeira/ge.globo

A sentença judicial ainda tem a suspensão do passaporte do presidente Marshal Antony Montalvão, conhecido como Tony Montalvão, com mandato até 2028. Ele chegou ao Furacão Tricolor em 2015 e possui negócios em Portugal.

Montalvão também é diretor do português FC Pedras Rubras, fundado em 1941 e que disputa competições nas categorias de base.

Há duas semanas, em entrevista para a rádio Futebol na Canela, o dirigente reconheceu a dívida e, diferente do divulgado pela Justiça, afirmou que o débito é de R$ 1 milhão.

- Se eu não resolver a questão trabalhista, não vou ter paz. Se não começar a pagar, posso falar que o Sete não foi uma coisa boa na minha vida. E não pelo Sete, foi a minha gestão que não foi (boa). Dinheiro na minha conta e na da minha mulher, bloqueia. Não posso assinar contratos, porque tenho a certidão negativa. Se as pessoas aceitarem a proposta (de acordo), tenho certeza que, no mais tardar, daqui um ano vamos ter o dinheiro para pagar todo mundo - declarou.

Montalvão e Sete de Dourados, contudo, não compareceram na audiência marcada para quinta-feira, requerida pelo próprio dirigente.

- Solicitamos a suspensão do passaporte do dirigente gestor, pois ele possui negócios no exterior, o bloqueio de registros de novos atletas no BID e também a proibição do clube disputar campeonatos profissionais e amadores (categoria de base) enquanto não quitar suas dívidas trabalhistas. E todos requerimentos foram deferidos, aceitos pela justiça - completou Rino.

O ge procurou os clubes brasileiro e português, além de Tony Montalvão, mas não obteve retorno. A matéria será atualizada em caso de manifestações.

Tony Montalvão, presidente do Sete de Dourados — Foto: Franz Mendes/Sete de Dourados

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